Clique na tabela para ampliar
Minicurso 1: Abrindo patrimônios: reflexões sobre os processos de patrimonialização das referências culturais
Adebal de
Andrade Junior
Doutorando
(UFRJ)/ adebaldeandrade@gmail.com
É
comum a categoria patrimônio cultural ser tratada pelas agências estatais e
grupos envolvidos na sua preservação como se essa fosse uma condição inata dos
objetos e manifestações culturais, sem refletir sobre os processos que resultam
na sua construção e que levaram ao seu reconhecimento estatal como objeto de
interesse de preservação. Sendo assim, as tensões e conflitos existentes entre
os diversos atores que realizam e reivindicam a patrimonialização de
referências culturais - materiais ou imateriais - as experiências humanas e os
projetos ideológicos que cercam esses processos podem ser encobertos pelo
discurso do bem comum. Portanto, o objetivo do minicurso é “abrir os
patrimônios”, realizando uma reflexão sobre as múltiplas dimensões envolvidas
na patrimonialização das referências culturais sem hierarquizá-las: a jurídica,
a individual, a social, a histórica, a política, a econômica e a cultural.
Vamos explorar as especificidades de cada uma dessas dimensões a partir de um
estudo de caso, mas sem perder de vista a forma como ocorre a articulação
constante entre esses campos, produzindo tensões, contradições, ambiguidades,
esquecimentos, memórias e práticas sociais.
Programação
1º
Dia
Apresentação
do problema
-
O tombamento “frustrado” do Itaboraí
-
O campo patrimonial e suas múltiplas dimensões
-
A atuação dos atores
2º
Dia
Interesses,
conflitos e contradições
-
A construção do passado e da memória
-
Usos do tombamento
-
As forças assimétricas dos atores e o desfecho do problema.
Referências bibliográficas
ARANTES,
Antônio Augusto (Org.). Produzindo o
passado: estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo:
Editora Brasiliense, 1984.
ARANTES,
Antônio Augusto. O patrimônio cultural e seus usos: a dimensão urbana. Habitus, Goiânia, v. 04, n. 01, p.
425-435, jan./jun. 2006.
BOTELHO,
Tarcísio Rodrigues; AZEVEDO, Nilo Lima de. Gestão participativa e política de
patrimônio no município de Belo Horizonte: realidade ou mito? Ciências Sociais Unisinos, São
Leopoldo, v. 41, n. 01, p. 01-10, jan./abr. 2005.
FORTUNA, Carlos. As cidades e as identidades:
narrativas, patrimônio e memória. Revista
Brasileira de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, p. 127-141, fev. 1997.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Antropologia
dos objetos: coleções, museus e patrimônios. Rio de Janeiro:
IPHAN/Garamond, 2007.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. As transformações
do patrimônio: da retórica da
perda à reconstrução permanente. In: TAMASO,
Izabela; LIMA FILHO, Manuel Ferreira. (Orgs). Antropologia e Patrimônio
Cultural: trajetórias e conceitos. Goiânia: ABA Publicações, 2012. p.
59-73.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a
problemática dos lugares. Projeto
História, São Paulo, n. 10, p. 7-28, dez. 1993.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História, memória e
centralidade urbana. Revista Mosaico, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p.
3-12, jan./jun. 2008.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v.
2, n. 3, p. 3-15, 1989.
Minicurso 2: Gênero e Militância política
durante a ditadura militar no Brasil
Carolina Dellamore Batista Scarpelli
Doutoranda/ carolinadellamore@yahoo.com.br
Débora Raiza Carolina Rocha Silva
Desde a década de 1980 as discussões acerca do
conceito de gênero têm crescido e encontrado campo fértil nas produções
historiográficas. Ao longo desses anos, a noção de gênero tem se consolidado e
contribuído para o empoderamento de tal conceito, que além de científico,
possui um caráter reflexivo e autonomizador. Nesse sentido, o minicurso propõe
uma discussão sobre gênero e militância política no Brasil durante a ditadura
militar, por meio do debate crítico da historiografia e da análise de
narrativas orais de militantes políticos.
Objetivo: pensar a militância política a partir
da categoria analítica de gênero buscando refletir sobre a dinâmica interna das
organizações revolucionárias e como elas tratavam a participação das mulheres e
homossexuais e por outro lado como esses sujeitos lidavam com essas questões.
Programação
1º dia - Discussão teórica e conceitual sobre
gênero e memória; - Questões gerais sobre o direito à memória e à verdade e o
direito à reparação; - As mulheres e a participação nas lutas de resistência; -
Análise de entrevistas com militantes; - Análise de trechos de documentários.
2º dia - Homossexualidades e ditadura militar,
homossexualidades e militância política; - Análise de entrevistas com
militantes; - A Comissão Nacional da Verdade e o direito à memória e à verdade.
Referências Bibliográficas: CARVALHO, Luiz
Maklouf. Mulheres que foram à luta armada. São Paulo: Globo, 1998. GREEN, James
N; QUINNALHA, Renan. Ditadura e homossexualidades: repressão, resistência e a
busca da verdade. São Carlos: EdUFSCar, 2014. MERLINO, Tatiana; OJEDA, Igor.
Direito à memória e à verdade: Luta, substantivo feminino - Mulheres
torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura. São Paulo: Sec.
Especial de Direitos Humanos; Sec. Especial de Políticas para Mulheres; Editora
Caros Amigos, 2010. ROVAI, Marta. A greve no feminino e no masculino (Osasco
1968). São Paulo: Letra e Voz, 2014. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de
análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22,
Dez 1990. Disponível em: Acesso em: 26 nov. 2013.
Minicurso 3: História oral:
perspectivas para a historiografia
Gabriel
Amato Bruno de Lima
Mestrando
(UFMG) /amatolgabriel@gmail.com
Natália
Cristina Batista
Mestre em
História (UFMG) / nataliabarud@gmail.com
O curso tem como
objetivo geral introduzir seus participantes nos debates fundantes da história
oral, tanto em uma perspectiva histórica como teórico-metodológica. Visando
debater o lugar ocupado pela metodologia da história oral na historiografia
contemporânea, serão discutidas noções como memória/esquecimento,
temporalidade, identidade, imaginário e narrativa. A seleção dos temas e
conceitos a serem explorados, de forma introdutória, partiu de problemáticas de
pesquisa em história oral e de estudos de caso elegidos a partir do acervo de
depoimentos depositado do Núcleo de História Oral da UFMG.
Minicurso
4: O discurso político como fonte de pesquisa: uma contribuição para a história
política
Glauber
Eduardo Nascimento Ribeiro Santos
Mestre
(GEMB)/ glaubereduardo@uol.com.br
A história
política mostra-se um profícuo campo de pesquisa para o historiador. A
utilização de fontes como o discurso para análise de fatos políticos contribui
para a ampliação das pesquisas por meio da teoria e da metodologia da análise
de discurso que propõe o estudo das experiências políticas de cada tempo
histórico.
O aporte
teórico a ser desenvolvido no mini-curso é baseado, principalmente, nos
autores: J. Pocock, Durval Muniz de Albuquerque Júnior e Hans Ulrich Gumbrecht.
Assim, as
concepções de discurso político definidas para o mini-curso envolvem:
O discurso
como “campo de estudos constituído por atos de discurso, sejam eles orais,
manuscritos ou impressos, e pelas condições ou contextos em que esses atos
foram emitidos” (POCOCK, 2003, p. 64);
O discurso
que "se tornam a matéria mesma da análise do historiador, que descobre que
todos os documentos ou testemunhos são formas de discurso, que os objetos e
sujeitos não preexistem aos discursos que deles falam, mas são constituídos por
eles” (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2009, p. 235);
O discurso
como "é ensinado pela arte oratória, a saber, a ação de linguagem dentro
das condições ‘falta de evidência’ e ‘coação à ação (consensual)’” (GUMBRECHT,
2003, p. 25).
A
perspectiva é de que o cursista assimile as perspectivas possíveis para a
análise do discurso político.
A
metodologia proposta na análise dos discursos é baseada no contexto político e
nas transformações discursivas na prática e no tempo; na análise interna e
externa do discurso por meio de regularidades, séries, saberes, temas e
conceitos; e nas ações efetivas da linguagem como condição indispensável para a
reconstrução do sentido original aos receptores por meio da hermenêutica.
Ainda na
parte metodológica serão realizadas leituras dos discursos políticos,
principalmente dos parlamentares que atuaram na Câmara dos Deputados, entre os
anos de 1983 e 2006. A leitura dos discursos parlamentares propiciará aos
cursistas um contato inicial com uma fonte de pesquisa pouco utilizada na historiografia
política.
Assim,
considero importante os discursos na análise da atuação do parlamentar e do
partido político no âmbito institucional diante dos fatos e dos acontecimentos
políticos porque analisado na perspectiva histórica, o discurso contribui para
a pesquisa da história política historicizando
os debates para evitar o uso de ideias e propostas políticas
descontextualizadas.
É esperada
do cursista a prática das opções metodológicas apresentadas.
Minicurso
5: Transe, êxtase e possessão no universo religioso
brasileiro
Janderson
Bax Carneiro
Doutorando
(PUC-Rio) /jandersonbax@ig.com.br
Rodrigo
Rougemont da Motta
Mestrando
(UFRJ) /rodrigorrm@gmail.com
O
desenvolvimento da Modernidade Ocidental está assentado, em grande parte, nos
esforços de “desmagicização” das representações e práticas sociorreligiosas no
âmbito do Cristianismo, bem como nas sistemáticas tentativas de supressão das
manifestações religiosas não hegemônicas. Assim sendo, a construção do sagrado
a partir da prática do transe é, historicamente, alvejada por uma dupla ação
persecutória. Por um lado, tais ritos são, há muito, demonizados a partir da
mobilização de argumentos estritamente religiosos. Afinal, ferem princípios
caros ao Cristianismo, como a noção de que o fiel é, única e exclusivamente,
templo do Espírito Santo. Por outro lado, foram largamente percebidos pelas
autoridades seculares como impasses à consolidação dos paradigmas de
civilização acalentados pelo pensamento evolucionista. Interessante notar,
contudo, que o desenvolvimento do racionalismo ocidental e a consequente
tentativa de supressão das práticas mágico-religiosas destoantes não assinalam
um movimento linear. Trata-se de um processo constituído por tensões,
ambivalências e circularidades. Sem sombra de dúvidas, o pensamento
ocidental-cristão reifica, historicamente, o poder da razão e as formas mais
prestigiadas de construção do sagrado. No entanto, não está isento de críticas
e propostas pensadas como sendo alternativas. Na década de 1970, nos EUA, o
avanço das insatisfações diante dos males da civilização correspondeu à
emergência de uma patente descrença nas vicissitudes do racionalismo
cartesiano, acompanhada de sensível declínio do número de fiéis às tradições
religiosas ocidentais. Nesse contexto, houve notável adesão a diversas
vertentes religiosas de viés mais místico, como o ocultismo. Fenômeno correlato
às desilusões diante das tradições ocidentais, o desenvolvimento do chamado
Movimento Nova Era trouxe à baila o advento de uma religiosidade marcadamente
fluida e sincrética, assentada na valorização da natureza e, de modo especial,
no primado das experiências sensoriais em detrimento das rígidas formulações
teológicas que marcam a história do Cristianismo. A revalorização da natureza e
o reforço da noção de que as religiões abrigam uma unidade transcendental
evidenciam a crítica à fragmentação do mundo consolidada no pensamento
ocidental. É sob essa ótica que as chamadas religiões ayahuasqueiras
ressignificam, nos centros urbanos contemporâneos, o conceito de tradição,
percebida como recurso de resgate da unidade essencial do cosmo, degenerada no
curso dos processos históricos. Assim sendo, os cultos de possessão e êxtase
persistem, no bojo das sociedades ocidentais, em diálogo com a religião
hegemônica e os valores partilhados pela sociedade mais ampla. Desafiam as
noções de pessoa, divindade e cosmo cristalizadas no senso comum ocidental.
Neste minicurso, pretendemos discutir, a partir de um viés histórico-antropológico,
as especificidades dos sistemas simbólicos das chamadas religiões
afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, bem como das instituições
religiosas ayahuasqueiras desenvolvidas no Brasil, como o Santo Daime e a União
do Vegetal. Nosso debate privilegiará as tensões, ambivalências e
circularidades culturais que marcam a presença dessas modalidades religiosas na
sociedade brasileira contemporânea. Sob essa perspectiva, mobilizaremos a
bibliografia especializada, assim como as experiências etnográficas em curso
nos trabalhos de campo.
Minicurso
6: História e Patrimônio Cultural: Inventários, Dossiês de tombamento e Laudos
de conservação
José
Rodrigo Laurenço de Freitas
Graduado (IFMG) /freitaslaurenco@yahoo.com.br
O tema,
Patrimônio Cultural, pode ser objeto de estudo e trabalho com uma diversidade
de assuntos ligados a arte, cultura, meio urbano, desenvolvimento social, entre
outros. O minicurso tem como principal objetivo mostrar os processos de
salvaguarda do Patrimônio Histórico e Cultural e a atuação do Historiador neste
campo de trabalho, como uma forma de incentivar a pesquisa e gerar um espaço de
reflexão sobre o tema. Serão tratados os seguintes assuntos: Patrimônio
Cultural-Conceitos; Legislação Básica; Processos de Inventário; Dossiês de
Tombamento; Laudos de Conservação e Registro de Patrimônio Imaterial.
Minicurso 7: Breve introdução ao
estudo iconográfico
Kellen
Cristina Silva
Doutoranda
(UFMG) /ma.kellcs@gmail.com
Atualmente
os estudos sobre as imagens vêm ganhando cada vez mais espaço no mundo
acadêmico, sobretudo no campo da História. Desde a abertura aos novos materiais
de pesquisa, as imagens (obras de arte, fotografias, charges, entre outras
formas imagéticas de representação), se transformaram em uma fonte inesgotável
para os pesquisadores. Para cada material de pesquisa, uma metodologia distinta
é sugerida ou criada a partir das necessidades e das questões levantadas pelo
historiador. A interdisciplinaridade é um dos caminhos mais frutíferos para
quem se aventura pelos caminhos das imagens. Se Aby Warburg (1929) estivesse
vivo, ainda se sentira pouco a vontade com a teimosa insistência das fronteiras
entre as disciplinas humanísticas . Para o pensador alemão, as perguntas sobre
o Homem devem ser respondidas levando em consideração o máximo de contribuições
possíveis. A História, após as grandes mudanças trazidas pela Escola dos
Annales , contemplou outros tipos documentais, entre eles as imagens. Warburg,
antes mesmo da primeira geração dos Annales se reunirem, já pensava a obra de
arte por um viés dito cultural. Ele extrapolava a obra de arte, ele ia além,
buscava compreender a imagem, aquilo que se encontrava por trás do suporte
artístico. Warburg pensou em uma memória social que atuava em determinados
momentos da história ocidental. Por sua vez, Erwin Panofsky pensou a
Iconologia, uma metodologia que falava do significado nas artes visuais,
buscando conectar a obra a um contexto social. Cassirer, Benjamim, Meneses...
Vários são as mentes que trabalharam pensando a representação imagética como um
objeto que vai além das análises puramente formais. Nosso minicurso tem a
finalidade de apresentar autores que trabalham com a iconologia/iconografia,
caminho que se abre para todos aqueles que buscam utilizar da imagem como fonte
e/ou objeto de pesquisa. Apresentaremos Erwin Panofsky, Aby Warburg, Ernst
Gombrich, Hans Belting, Carlo Ginzburg entre outros autores que contribuíram e
contribuem para a utilização da imagem e da interdisciplinaridade como
mecanismo de pesquisa para a História Cultural. Bibliografia BURKE, Peter.
Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC, 2004 BURKE, Peter. A Escola
dos Annales(1929-1989/0: a Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo:
Fundação Editora da UNESP, 1991. DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente:
história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro:
Contraponto, 2013. Média.Bauru: EDUSC, 2007.
Minicurso 8: Introdução à
Paleografia Portuguesa Moderna
Ludmila
Machado Pereira de Oliveira Torres
Mestranda
(UFMG) /ludmila.machadopereira@gmail.com
Cássio
Bruno de Araujo Rocha
Doutorando
(UFMG) /caraujorocha@gmail.com
Gabriel
Afonso Vieira Chagas
Graduado
(UFMG) /gabriel.afonso.v.chagas@gmail.com
O minicurso
pretende oferecer uma introdução aos princípios da paleografia e da diplomática
portuguesa no período Moderno, especificamente dos séculos XVI e XIX. A
finalidade é exercitar as habilidades de leitura, transcrição e compreensão de
fontes manuscritas portuguesas do período proposto, de acordo com as Normas
Técnicas para Edição e Transcrição de Documentos. O domínio da paleografia é
fundamental para o exercício do ofício de historiador ao possibilitar o acesso
direto às fontes de pesquisa, sem depender da publicação de transcrições e/ou
comentários. Além disso, podem se constituir como campo de atuação profissional
e como fonte de renda. O minicurso destina-se a estudantes e profissionais
ligados à área de História, além de outras áreas que trabalham diretamente com
fontes manuscritas, com diferentes níveis de experiência. Metodologia: Em um
primeiro momento, abordaremos os aspectos gerais da paleografia, destacando as
origens do campo, seu significado e divisões. Em seguida, veremos os principais
tipos caligráficos na paleografia portuguesa medieval e moderna, com exemplos e
explicações das variações encontradas. Passaremos então aos manuais
caligráficos do século XVIII. Abordaremos mais detalhadamente, através de
exemplos práticos, as principais dificuldades na leitura paleográfica, expondo
as técnicas utilizadas bem como possíveis recursos para auxiliar na compreensão
do documento. Trabalharemos ainda, sucintamente, noções de braquigrafia, ou
seja, dos sistemas de abreviações. No decorrer do minicurso, trataremos de
noções de arquivística aplicadas à pesquisa histórica, uma vez que a leitura
documental implica também na compreensão do contexto de produção daquela fonte.
Almeja-se aliar à transcrição paleográfica a discussão do contexto
sociocultural dos documentos apresentados. Por fim, realizaremos uma série de
exercícios de transcrição paleográfica com variados níveis de dificuldade,
observando as normas técnicas de edição.
Cronograma:
Primeiro
Dia - Bloco 1 - Noções Introdutórias (2h/a): Introdução à
paleografia; Os principais tipos caligráficos na paleografia portuguesa
medieval e moderna; Os manuais caligráficos do século XVIII; Principais
dificuldades na leitura paleográfica, técnicas e recursos; Introdução à
braquigrafia; Noções de arquivística aplicadas à pesquisa histórica;
Transcrição paleográfica e normas técnicas de edição
Segundo e
terceiro - Blocos 2 a 3 (2h/a cada): Exercícios de leitura e
transcrição
Minicurso
9: Histórias em Quadrinhos e Ensino de História: contextualizando narrativas
gráficas no contexto escolar
Márcio
dos Santos Rodrigues
Mestre (UFMG) /marcio.strodrigues@gmail.com
O minicurso
visa a discutir alguns dos pressupostos teórico-metodológicos que possibilitam
a utilização dos quadrinhos (também conhecidos como HQs) como objeto na
Pesquisa e no Ensino de História. Partindo do pressuposto de que não existe uma
metodologia única para a análise de HQs, o minicurso apresenta um repertório de
opções possíveis para estudá-las. Por serem um gênero intermidiático, que
mescla e dialoga com diferentes gêneros discursivos desenho, cinema,
fotografia, textos verbais, etc. as HQs fazem com que o estudioso de qualquer
campo tenha que, de maneira interdisciplinar, transitar por saberes consagrados
pela academia ou não. Faz-se necessário considerar, em primeiro lugar, a
linguagem das Histórias em Quadrinhos não apenas como suporte de informações,
mas como resultado de práticas elaboradas em determinados contextos históricos.
No minicurso haverá espaço para revisão bibliográfica acerca dos estudos sobre
quadrinhos já realizados no campo da historiografia, indicando algumas obras
teóricas que versam sobre a utilização dessa modalidade artística como fonte documental.
Deste modo, procuro contribuir para motivar futuros docentes a interpretarem
também o campo do Ensino de História como atrelado ao desenvolvimento de
pesquisas.
Minicurso 10: Contribuição da
Psicanálise para a prática docente em sala de aula
Márden de
Pádua Ribeiro
Mestrando (PUC-MG) /mardendepadua@yahoo.com.br
Este
minicurso tem por objetivo apresentar a Psicanálise como importante ferramenta
para o professor de História em sua prática docente, visando assim permitir e
promover reflexões,discussões e articulações sobre a relação entre Psicanálise
e Educação. Parte-se do pressuposto que o professor de História é sujeito
interessado em ferramentas teóricas que visam aprimorar sua prática docente,
ampliando seus horizontes acerca do seu papel em sala de aula. Possui como
referência conceitual, Freud, Lacan, Kupfer e Cordié, pretende-se mostrar como
o conhecimento de teorias psicanalíticas auxilia o professor na complexa
relação com seus alunos, no cotidiano escolar. Diversas pesquisas têm sido
feitas no que diz respeito à interface entre Psicanálise e Educação no tocante
à prática docente em sala de aula. Destacando-se grupos como o NIPSE (UFMG),
NUPPEC (UFRGS) e NPE (USP). Estas pesquisas tem mostrado através de dados
concretos como a abordagem psicanalítica pode atuar em contextos escolares,
especialmente voltados para sala de aula, de modo a diminuir a angustia do
professor diante de seu papel. O minicurso atende professores de qualquer
segmento, e que possuam interesse nas teorias psicanalíticas. Inicia-se com uma
introdução básica do que significa esta corrente da psicologia, sua história e
seus teóricos de maior destaque, perpassando por seus conceitos principais que
se relacionam diretamente com a prática docente. Ao final, através de exemplos
práticos, colhidos em entrevistas com professores e alunos através de pesquisas
acadêmicas, pretende-se identificar como a Psicanálise está presente no
cotidiano escolar, e como esta pode atuar diminuindo o mal estar docente e
possibilitando um maior entendimento da relação professor e aluno. O minicurso
terá duração de 4 horas, destinado somente em um dia. Ao final espera-se que
tenha contribuído para reflexões dos docentes e futuros docentes, acerca de
suas práticas.
Minicurso
11: Relações entre arte e
política na ditadura militar brasileira
Natália
Cristina Batista
Mestre
(UFMG) /nataliabarud@yahoo.com.br
A proposta central
deste minicurso é avançar na discussão sobre as tensas relações estabelecidas
entre cultura e política na ditadura militar brasileira, principalmente nos
anos 1960 e 1970. Nesta temporalidade específica marcada pela radicalização
política no cenário nacional, a produção cultural embalada pela nascente
indústria cultural apresenta-se como um instrumento essencial para análise
historiográfica, tornando-se inclusive uma fonte privilegiada para pesquisa. Na
primeira parte da aula, propõe-se tratar de alguns conceitos e noções caros à
historiografia sobre o tema através de discussões sobre a existência de uma
cultura política de esquerda presente nos meios artísticos e intelectuais na
década de 1960, a articulação de projetos de oposição e resistência ao regime
promovidos por esses grupos, o papel dos artistas-intelectuais diante da
militância político-partidária e a inserção em meio a novos espaços de trabalho
e atuação. A ideia, neste momento, é explorar algumas noções como hegemonia
cultural da esquerda, resistência cultural, arte engajada e cooptação. Na
segunda parte, propõe-se uma discussão a partir da análise de obras como
canções, peças de teatro, livros, filmes e pareceres do serviço de censura, com
o objetivo de perceber de que maneira se deu a repressão do governo militar no
campo cultural, trazendo à tona o papel ocupado pelo controle estatal nessa
configuração específica.
Minicurso
12: Análise de Redes Sociais: Possibilidades metodológicas para os estudos
históricos
Rodrigo
Paulinelli de Almeida Costa
Mestrando
(UFMG) /rodrigopaulinelli16@gmail.com
Mateus
Rezende de Andrade
Doutorando
(UFMG)/ mateusandrade@gmail.com
O princípio
de que relações sociais podem ser resumidas na noção de redes vem de uma longa
tradição nas ciências sociais e humanas. Georg Simmel e Norbert Elias figuram
entre os primeiros a utilizarem-se sistematicamente do conceito de redes
sociais. Para Georg Simmel, a sociedade não é um aglomerado de homens;
constitui-se da reciprocidade relacional entre eles. Gerados por inúmeros
motivos e interesses, estes vínculos mútuos determinam naturezas diversas de
associações, que em última instância constituem o objeto da sociologia. Norbert
Elias também descreveu a gênese da sociedade advinda da perpetuação de relações
mútuas entre os atores sociais. Conceito central em seu modelo interpretativo é
o de processo civilizador. Para ele, a mudança civilizadora incide na maior
interdependência das ações sociais, tornando-as organizadas, precisas e
rigorosas. A Análise de Redes Sociais (ARS) desenvolveu-se a partir dos
trabalhos pioneiros de sociometria de J. L. Moreno e de análise situacional de
J.A. Barnes. Na antropologia o conceito de rede social foi primeiramente
desenvolvido pelo antropólogo britânico Radcliffe-Brown, que caracterizou a
estrutura social como uma complexa rede de relações sociais existentes
realmente entre os seres humanos. Parte importante do método é a elaboração das
matrizes e dos gráficos. Estes gráficos diferem daqueles seriais, mais
conhecidos, por não apresentar uma linearidade modulada pelo tempo. Cada matriz
e seu gráfico correspondente equivalem a um instantâneo dos relacionamentos de
um grupo. O gráfico é formado por nódulos (que representam as unidades), linhas
(que representam as relações) e setas que indicam o sentido das ligações. De
acordo com o tipo de gráfico utilizado, os desenhos e cores dos nódulos variam,
o que também ocorre com o cumprimento das linhas, de forma a dar um significado
visual ao que foi expresso na matriz pelo pesquisador. A ARS centra sua atenção
sobre os laços entre indivíduos, grupos e organizações, em diferentes escalas,
tendo por pressuposto básico que atores e suas ações são interdependentes, e
que os diversos tipos de laços entre os atores são canais para fluxos de recursos
materiais, informacionais e sociais entre os atores, tendo por objetivo central
identificar e interpretar padrões de laços sociais (parentesco, amizade,
relações de poder, troca, crédito, etc.) entre os atores. Partindo de algumas
convenções notacionais, a ARS permite novas formas de representar e analisar
alguns dos objetos e problemas centrais das ciências sociais e da História: a
estrutura de grupos sociais, comunidades, organizações, mercados, relações de
poder, fluxos de migração e mobilidade, etc. Porém, os historiadores raramente
têm utilizado os conceitos, técnicas e ferramentas informacionais específicas
desta metodologia. Assim, as redes sociais são amplamente mencionadas e
utilizadas na historiografia, mas, sobretudo como uma metáfora e não como
objeto estudo. Dessa forma temos como objetivo apresentar aos alunos os
desenvolvimentos formais da metodologia de Análise de Redes Sociais,
introduzindo conceitos elementares e desenvolver conjuntamente atividades que
os faça perceber a importância de análises qualitativas a partir de
procedimentos quantitativos. Fazer com que os alunos compreendam e saibam
aplicar em suas pesquisas os principais conceitos que perpassam essa
metodologia.
Minicurso
13: Minicurso de formatação, normalização e submissão de trabalhos acadêmicos
Rute
Guimarães Torres
Mestrando
(UFMG) / rutetorres@gmail.com
Igor
Tadeu Camilo Rocha
Doutorando (UFMG) / igortcr@gmail.com
Mateus
Rezende de Andrade
Doutorando (UFMG) / mateus.rezende@gmail.com
O minicurso
irá apresentar algumas diretrizes para submissão, formatação e normatização de
trabalhos acadêmicos, de acordo com as normas da ABNT e de alguns periódicos
científicos, com a finalidade de desenvolver textos bem elaborados e
estruturados com potencial para aceite e publicação. A intenção do minicurso é
facilitar a comunicação entre autores e editores no processo de submissão e
editoração, proporcionar um maior conhecimento sobre os tipos de publicação e
os processos editoriais de periódicos científicos, contribuir na elaboração de
propostas para eventos e apresentar orientações específicas para a configuração
de alguns elementos textuais. - Submissão: conhecer a missão do periódico;
escolha do periódico de acordo com suas demandas (avaliação da capes;
discente/docente; área específica); apresentação ao editor; atentar para as
normas de publicação; carta de ineditismo; processo editorial; comunicação com
os editores. - Artigos, Resenhas e Transcrições de Documentos: a importância
específica de cada um na produção do conhecimento; a escolha do título; a
escrita do resumo e seleção das palavras-chaves; estrutura e desenvolvimento do
texto; uso de fontes; elementos do comentário (descrição e problematização do
documento), tipo de transcrição (conforme a linguagem do documento, com
linguagem atualizada ou semi-atualizada). - Proposta de Simpósio e Comunicação:
dados da inscrição; a produção do resumo; o processo de avaliação pelos
organizadores; uso de recursos (datashow, material impresso, etc); comunicação
com os Organizadores; publicação do texto apresentado. - Normas de Publicação:
ABNT; Vancouver; Chicago e APA; formatação do texto; dicas e ferramentas do
word para formatação; Referências; elementos pré e pós-textuais; estudo de
casos, tendo como referências a Revista
de História (USP), a revista Topoi (UFRJ) e a revista discente Temporalidades (UFMG).
Minicurso
14: As revistas como fonte e objeto de pesquisa para o historiador
Thiago
Henrique Oliveira Prates
Mestrando
(UFMG) /thoprates@gmail.com
Marina
Helena Meira Carvalho
Mestrando
(UFMG) /marinahmc@yahoo.com.br
Raphael
Coelho Neto
Mestrando
(UFMG) /raphaelcneto@yahoo.com.br
Este curso
busca refletir e debater sobre o uso de revistas como fonte e objeto para a
pesquisa histórica. Pretendemos situar as discussões a partir das renovações
metodológicas na historiografia que ampliaram o interesse do historiador por
novas fontes e temas de estudo. Interessa-nos considerar os vários formatos de
revistas (as de grande circulação; as de viés cultural, como as vanguardistas e
as literárias; as revistas de exílio), ressaltando aproximações e
distanciamentos entre elas. Acreditamos que a opção metodológica pela
comparação entre revistas de diferentes matizes gera melhor compreensão a
respeito de um objeto de estudo com amplo leque de variedades. As
especificidades aparecerão neste minicurso na medida em que os conceitos
metodológicos sobre as revistas forem discutidos. De maneira geral e,
eventualmente, utilizando-nos de estudos de casos, pretendemos refletir acerca
da importância de se considerar o contexto de produção e de circulação dos
impressos, as representações e os discursos suscitados por eles, bem como seus
silêncios, o(s) objetivo(s) de se fazer uma revista, a materialidade da mesma,
dentre outros aspectos. Com base na noção de editorialismo programático,
buscaremos ainda pensar sobre os atores sociais que dirigem, produzem e/ou
colaboram com a(s) revista(s). Para isso, torna-se interessante estabelecer
interfaces com a História Intelectual, por meio, sobretudo, da compreensão do
conceito de redes intelectuais e espaços de sociabilidade, articulando também
com a categoria de mediadores culturais para os agentes envolvidos na produção
de uma revista.
Minicurso 15: Fotografia: organização de acervos e o
uso como fonte
Vanderley
de Paula Rocha
Mestrando
(UEPG) /vanderleypr05@yahoo.com.br
Simone Aparecida Dupla
Mestrando (UEPG) /cathain_celta@hotmail.com
Neste
minicurso, pretendemos discutir a organização de acervos iconográficos e o uso
de fotografia como fonte histórica. Considerando que o historiador tem se
apropriado, desses espaços de salva e guarda de documentos, não apenas como
pesquisador, mas como organizador e administrador, portanto, faz-se necessário
um debate em torno dessa atividade assumida pelo profissional de História. Há
muito tempo que os historiadores são associados a esses lugares de memória
devido ao ínfimo número de profissionais da arquivologia presentes nesses
espaços. Diante desse cenário o historiador passa a assumir a tarefa de salvar,
guardar, organizar, e disponibilizar esses acervos, possibilitando a esses
tornarem-se fonte pertinente na construção de trabalhos historiográficos.
Assim, este minicurso está dividido em dois momentos: no primeiro, abordaremos
as principais teorias da organização de acervos iconográficos e o uso desses
como fonte, em seguida, observaremos tais discussões na prática. Isso será
realizado a partir de análise da organização do acervo iconográfico de ex-votos
da Casa do Divino, da cidade de Ponta Grossa no Paraná. Esse acervo corresponde
a mais de 12.000 fotografias deixadas nesse espaço de religiosidade católica
por devotos do Divino Espírito Santo, entre os anos de 1882 a 2006. Foi
organizado com o objetivo de preservar esses registros e para disponibilizar
essas fontes para pesquisas em diversas áreas da História. O minicurso se
destina a estudantes e profissionais de História, além de outras áreas que trabalham
com a organização e o uso de fotografias como fonte. O mesmo terá a carga
horaria de 4 horas. Referências Bibliográficas: FERREZ, H. D. Documentação
museológica: Teoria para uma boa prática. In: Caderno de Ensaios nº 2, Estudos
de Museologia. Rio de janeiro, Minc/Iphan, p. 64-73, 1994. KOSSOY, Boris.
Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. KEBRUSLY, C. A. O
que é fotografia. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. PAVÃO, L. Conservacção de
colecções de fotografia. Lisboa: Dinalivro, 1997.