Minicursos

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Minicurso 1: Abrindo patrimônios: reflexões sobre os processos de patrimonialização das referências culturais

Adebal de Andrade Junior
Doutorando (UFRJ)/ adebaldeandrade@gmail.com  


É comum a categoria patrimônio cultural ser tratada pelas agências estatais e grupos envolvidos na sua preservação como se essa fosse uma condição inata dos objetos e manifestações culturais, sem refletir sobre os processos que resultam na sua construção e que levaram ao seu reconhecimento estatal como objeto de interesse de preservação. Sendo assim, as tensões e conflitos existentes entre os diversos atores que realizam e reivindicam a patrimonialização de referências culturais - materiais ou imateriais - as experiências humanas e os projetos ideológicos que cercam esses processos podem ser encobertos pelo discurso do bem comum. Portanto, o objetivo do minicurso é “abrir os patrimônios”, realizando uma reflexão sobre as múltiplas dimensões envolvidas na patrimonialização das referências culturais sem hierarquizá-las: a jurídica, a individual, a social, a histórica, a política, a econômica e a cultural. Vamos explorar as especificidades de cada uma dessas dimensões a partir de um estudo de caso, mas sem perder de vista a forma como ocorre a articulação constante entre esses campos, produzindo tensões, contradições, ambiguidades, esquecimentos, memórias e práticas sociais.
 
Programação

1º Dia
Apresentação do problema
- O tombamento “frustrado” do Itaboraí
- O campo patrimonial e suas múltiplas dimensões
- A atuação dos atores
2º Dia
Interesses, conflitos e contradições
- A construção do passado e da memória
- Usos do tombamento
- As forças assimétricas dos atores e o desfecho do problema.

Referências bibliográficas

ARANTES, Antônio Augusto (Org.). Produzindo o passado: estratégias de construção do patrimônio cultural. São Paulo: Editora Brasiliense, 1984.
ARANTES, Antônio Augusto. O patrimônio cultural e seus usos: a dimensão urbana. Habitus, Goiânia, v. 04, n. 01, p. 425-435, jan./jun. 2006.
BOTELHO, Tarcísio Rodrigues; AZEVEDO, Nilo Lima de. Gestão participativa e política de patrimônio no município de Belo Horizonte: realidade ou mito? Ciências Sociais Unisinos, São Leopoldo, v. 41, n. 01, p. 01-10, jan./abr. 2005.
FORTUNA, Carlos. As cidades e as identidades: narrativas, patrimônio e memória. Revista Brasileira de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, p. 127-141, fev. 1997.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. Antropologia dos objetos: coleções, museus e patrimônios. Rio de Janeiro: IPHAN/Garamond, 2007.
GONÇALVES, José Reginaldo Santos. As transformações do patrimônio: da retórica da
perda à reconstrução permanente. In: TAMASO, Izabela; LIMA FILHO, Manuel Ferreira. (Orgs). Antropologia e Patrimônio Cultural: trajetórias e conceitos. Goiânia: ABA Publicações, 2012. p. 59-73.
NORA, Pierre. Entre memória e história: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n. 10, p. 7-28, dez. 1993.
PESAVENTO, Sandra Jatahy. História, memória e centralidade urbana. Revista Mosaico, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, p. 3-12, jan./jun. 2008.
POLLAK, Michael. Memória, esquecimento, silêncio. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, v. 2, n. 3, p. 3-15, 1989.

Minicurso 2: Gênero e Militância política durante a ditadura militar no Brasil


Carolina Dellamore Batista Scarpelli
Doutoranda/ carolinadellamore@yahoo.com.br

Débora Raiza Carolina Rocha Silva
Especialista (UFMG) /raiza.rocha@hotmail.com

Desde a década de 1980 as discussões acerca do conceito de gênero têm crescido e encontrado campo fértil nas produções historiográficas. Ao longo desses anos, a noção de gênero tem se consolidado e contribuído para o empoderamento de tal conceito, que além de científico, possui um caráter reflexivo e autonomizador. Nesse sentido, o minicurso propõe uma discussão sobre gênero e militância política no Brasil durante a ditadura militar, por meio do debate crítico da historiografia e da análise de narrativas orais de militantes políticos.
Objetivo: pensar a militância política a partir da categoria analítica de gênero buscando refletir sobre a dinâmica interna das organizações revolucionárias e como elas tratavam a participação das mulheres e homossexuais e por outro lado como esses sujeitos lidavam com essas questões.
Programação
1º dia - Discussão teórica e conceitual sobre gênero e memória; - Questões gerais sobre o direito à memória e à verdade e o direito à reparação; - As mulheres e a participação nas lutas de resistência; - Análise de entrevistas com militantes; - Análise de trechos de documentários.
2º dia - Homossexualidades e ditadura militar, homossexualidades e militância política; - Análise de entrevistas com militantes; - A Comissão Nacional da Verdade e o direito à memória e à verdade.

Referências Bibliográficas: CARVALHO, Luiz Maklouf. Mulheres que foram à luta armada. São Paulo: Globo, 1998. GREEN, James N; QUINNALHA, Renan. Ditadura e homossexualidades: repressão, resistência e a busca da verdade. São Carlos: EdUFSCar, 2014. MERLINO, Tatiana; OJEDA, Igor. Direito à memória e à verdade: Luta, substantivo feminino - Mulheres torturadas, desaparecidas e mortas na resistência à ditadura. São Paulo: Sec. Especial de Direitos Humanos; Sec. Especial de Políticas para Mulheres; Editora Caros Amigos, 2010. ROVAI, Marta. A greve no feminino e no masculino (Osasco 1968). São Paulo: Letra e Voz, 2014. SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade. Porto Alegre, v. 16, n. 2, p. 5-22, Dez 1990. Disponível em: Acesso em: 26 nov. 2013.

Minicurso 3: História oral: perspectivas para a historiografia

Gabriel Amato Bruno de Lima
 Mestrando (UFMG) /amatolgabriel@gmail.com


Natália Cristina Batista
Mestre em História (UFMG) / nataliabarud@gmail.com


O curso tem como objetivo geral introduzir seus participantes nos debates fundantes da história oral, tanto em uma perspectiva histórica como teórico-metodológica. Visando debater o lugar ocupado pela metodologia da história oral na historiografia contemporânea, serão discutidas noções como memória/esquecimento, temporalidade, identidade, imaginário e narrativa. A seleção dos temas e conceitos a serem explorados, de forma introdutória, partiu de problemáticas de pesquisa em história oral e de estudos de caso elegidos a partir do acervo de depoimentos depositado do Núcleo de História Oral da UFMG.

Minicurso 4: O discurso político como fonte de pesquisa: uma contribuição para a história política

Glauber Eduardo Nascimento Ribeiro Santos
Mestre (GEMB)/ glaubereduardo@uol.com.br


A história política mostra-se um profícuo campo de pesquisa para o historiador. A utilização de fontes como o discurso para análise de fatos políticos contribui para a ampliação das pesquisas por meio da teoria e da metodologia da análise de discurso que propõe o estudo das experiências políticas de cada tempo histórico.
O aporte teórico a ser desenvolvido no mini-curso é baseado, principalmente, nos autores: J. Pocock, Durval Muniz de Albuquerque Júnior e Hans Ulrich Gumbrecht.
Assim, as concepções de discurso político definidas para o mini-curso envolvem:
O discurso como “campo de estudos constituído por atos de discurso, sejam eles orais, manuscritos ou impressos, e pelas condições ou contextos em que esses atos foram emitidos” (POCOCK, 2003, p. 64);
O discurso que "se tornam a matéria mesma da análise do historiador, que descobre que todos os documentos ou testemunhos são formas de discurso, que os objetos e sujeitos não preexistem aos discursos que deles falam, mas são constituídos por eles” (ALBUQUERQUE JUNIOR, 2009, p. 235);
O discurso como "é ensinado pela arte oratória, a saber, a ação de linguagem dentro das condições ‘falta de evidência’ e ‘coação à ação (consensual)’” (GUMBRECHT, 2003, p. 25).
A perspectiva é de que o cursista assimile as perspectivas possíveis para a análise do discurso político.
A metodologia proposta na análise dos discursos é baseada no contexto político e nas transformações discursivas na prática e no tempo; na análise interna e externa do discurso por meio de regularidades, séries, saberes, temas e conceitos; e nas ações efetivas da linguagem como condição indispensável para a reconstrução do sentido original aos receptores por meio da hermenêutica.
Ainda na parte metodológica serão realizadas leituras dos discursos políticos, principalmente dos parlamentares que atuaram na Câmara dos Deputados, entre os anos de 1983 e 2006. A leitura dos discursos parlamentares propiciará aos cursistas um contato inicial com uma fonte de pesquisa pouco utilizada na historiografia política.
Assim, considero importante os discursos na análise da atuação do parlamentar e do partido político no âmbito institucional diante dos fatos e dos acontecimentos políticos porque analisado na perspectiva histórica, o discurso contribui para a pesquisa da história política historicizando os debates para evitar o uso de ideias e propostas políticas descontextualizadas.    
É esperada do cursista a prática das opções metodológicas apresentadas.

Minicurso 5: Transe, êxtase e possessão no universo religioso brasileiro

Janderson Bax Carneiro
Doutorando (PUC-Rio) /jandersonbax@ig.com.br

Rodrigo Rougemont da Motta
Mestrando (UFRJ) /rodrigorrm@gmail.com


O desenvolvimento da Modernidade Ocidental está assentado, em grande parte, nos esforços de “desmagicização” das representações e práticas sociorreligiosas no âmbito do Cristianismo, bem como nas sistemáticas tentativas de supressão das manifestações religiosas não hegemônicas. Assim sendo, a construção do sagrado a partir da prática do transe é, historicamente, alvejada por uma dupla ação persecutória. Por um lado, tais ritos são, há muito, demonizados a partir da mobilização de argumentos estritamente religiosos. Afinal, ferem princípios caros ao Cristianismo, como a noção de que o fiel é, única e exclusivamente, templo do Espírito Santo. Por outro lado, foram largamente percebidos pelas autoridades seculares como impasses à consolidação dos paradigmas de civilização acalentados pelo pensamento evolucionista. Interessante notar, contudo, que o desenvolvimento do racionalismo ocidental e a consequente tentativa de supressão das práticas mágico-religiosas destoantes não assinalam um movimento linear. Trata-se de um processo constituído por tensões, ambivalências e circularidades. Sem sombra de dúvidas, o pensamento ocidental-cristão reifica, historicamente, o poder da razão e as formas mais prestigiadas de construção do sagrado. No entanto, não está isento de críticas e propostas pensadas como sendo alternativas. Na década de 1970, nos EUA, o avanço das insatisfações diante dos males da civilização correspondeu à emergência de uma patente descrença nas vicissitudes do racionalismo cartesiano, acompanhada de sensível declínio do número de fiéis às tradições religiosas ocidentais. Nesse contexto, houve notável adesão a diversas vertentes religiosas de viés mais místico, como o ocultismo. Fenômeno correlato às desilusões diante das tradições ocidentais, o desenvolvimento do chamado Movimento Nova Era trouxe à baila o advento de uma religiosidade marcadamente fluida e sincrética, assentada na valorização da natureza e, de modo especial, no primado das experiências sensoriais em detrimento das rígidas formulações teológicas que marcam a história do Cristianismo. A revalorização da natureza e o reforço da noção de que as religiões abrigam uma unidade transcendental evidenciam a crítica à fragmentação do mundo consolidada no pensamento ocidental. É sob essa ótica que as chamadas religiões ayahuasqueiras ressignificam, nos centros urbanos contemporâneos, o conceito de tradição, percebida como recurso de resgate da unidade essencial do cosmo, degenerada no curso dos processos históricos. Assim sendo, os cultos de possessão e êxtase persistem, no bojo das sociedades ocidentais, em diálogo com a religião hegemônica e os valores partilhados pela sociedade mais ampla. Desafiam as noções de pessoa, divindade e cosmo cristalizadas no senso comum ocidental. Neste minicurso, pretendemos discutir, a partir de um viés histórico-antropológico, as especificidades dos sistemas simbólicos das chamadas religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda, bem como das instituições religiosas ayahuasqueiras desenvolvidas no Brasil, como o Santo Daime e a União do Vegetal. Nosso debate privilegiará as tensões, ambivalências e circularidades culturais que marcam a presença dessas modalidades religiosas na sociedade brasileira contemporânea. Sob essa perspectiva, mobilizaremos a bibliografia especializada, assim como as experiências etnográficas em curso nos trabalhos de campo.

Minicurso 6: História e Patrimônio Cultural: Inventários, Dossiês de tombamento e Laudos de conservação

José Rodrigo Laurenço de Freitas
Graduado (IFMG) /freitaslaurenco@yahoo.com.br

O tema, Patrimônio Cultural, pode ser objeto de estudo e trabalho com uma diversidade de assuntos ligados a arte, cultura, meio urbano, desenvolvimento social, entre outros. O minicurso tem como principal objetivo mostrar os processos de salvaguarda do Patrimônio Histórico e Cultural e a atuação do Historiador neste campo de trabalho, como uma forma de incentivar a pesquisa e gerar um espaço de reflexão sobre o tema. Serão tratados os seguintes assuntos: Patrimônio Cultural-Conceitos; Legislação Básica; Processos de Inventário; Dossiês de Tombamento; Laudos de Conservação e Registro de Patrimônio Imaterial.

Minicurso 7: Breve introdução ao estudo iconográfico


Kellen Cristina Silva
Doutoranda (UFMG) /ma.kellcs@gmail.com

Atualmente os estudos sobre as imagens vêm ganhando cada vez mais espaço no mundo acadêmico, sobretudo no campo da História. Desde a abertura aos novos materiais de pesquisa, as imagens (obras de arte, fotografias, charges, entre outras formas imagéticas de representação), se transformaram em uma fonte inesgotável para os pesquisadores. Para cada material de pesquisa, uma metodologia distinta é sugerida ou criada a partir das necessidades e das questões levantadas pelo historiador. A interdisciplinaridade é um dos caminhos mais frutíferos para quem se aventura pelos caminhos das imagens. Se Aby Warburg (1929) estivesse vivo, ainda se sentira pouco a vontade com a teimosa insistência das fronteiras entre as disciplinas humanísticas . Para o pensador alemão, as perguntas sobre o Homem devem ser respondidas levando em consideração o máximo de contribuições possíveis. A História, após as grandes mudanças trazidas pela Escola dos Annales , contemplou outros tipos documentais, entre eles as imagens. Warburg, antes mesmo da primeira geração dos Annales se reunirem, já pensava a obra de arte por um viés dito cultural. Ele extrapolava a obra de arte, ele ia além, buscava compreender a imagem, aquilo que se encontrava por trás do suporte artístico. Warburg pensou em uma memória social que atuava em determinados momentos da história ocidental. Por sua vez, Erwin Panofsky pensou a Iconologia, uma metodologia que falava do significado nas artes visuais, buscando conectar a obra a um contexto social. Cassirer, Benjamim, Meneses... Vários são as mentes que trabalharam pensando a representação imagética como um objeto que vai além das análises puramente formais. Nosso minicurso tem a finalidade de apresentar autores que trabalham com a iconologia/iconografia, caminho que se abre para todos aqueles que buscam utilizar da imagem como fonte e/ou objeto de pesquisa. Apresentaremos Erwin Panofsky, Aby Warburg, Ernst Gombrich, Hans Belting, Carlo Ginzburg entre outros autores que contribuíram e contribuem para a utilização da imagem e da interdisciplinaridade como mecanismo de pesquisa para a História Cultural. Bibliografia BURKE, Peter. Testemunha ocular: história e imagem. Bauru: EDUSC, 2004 BURKE, Peter. A Escola dos Annales(1929-1989/0: a Revolução Francesa da Historiografia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1991. DIDI-HUBERMAN, Georges. A imagem sobrevivente: história da arte e tempo dos fantasmas segundo Aby Warburg. Rio de Janeiro: Contraponto, 2013. Média.Bauru: EDUSC, 2007.

Minicurso 8: Introdução à Paleografia Portuguesa Moderna

Ludmila Machado Pereira de Oliveira Torres
Mestranda (UFMG) /ludmila.machadopereira@gmail.com

Cássio Bruno de Araujo Rocha
Doutorando (UFMG) /caraujorocha@gmail.com

Gabriel Afonso Vieira Chagas
Graduado (UFMG) /gabriel.afonso.v.chagas@gmail.com


O minicurso pretende oferecer uma introdução aos princípios da paleografia e da diplomática portuguesa no período Moderno, especificamente dos séculos XVI e XIX. A finalidade é exercitar as habilidades de leitura, transcrição e compreensão de fontes manuscritas portuguesas do período proposto, de acordo com as Normas Técnicas para Edição e Transcrição de Documentos. O domínio da paleografia é fundamental para o exercício do ofício de historiador ao possibilitar o acesso direto às fontes de pesquisa, sem depender da publicação de transcrições e/ou comentários. Além disso, podem se constituir como campo de atuação profissional e como fonte de renda. O minicurso destina-se a estudantes e profissionais ligados à área de História, além de outras áreas que trabalham diretamente com fontes manuscritas, com diferentes níveis de experiência. Metodologia: Em um primeiro momento, abordaremos os aspectos gerais da paleografia, destacando as origens do campo, seu significado e divisões. Em seguida, veremos os principais tipos caligráficos na paleografia portuguesa medieval e moderna, com exemplos e explicações das variações encontradas. Passaremos então aos manuais caligráficos do século XVIII. Abordaremos mais detalhadamente, através de exemplos práticos, as principais dificuldades na leitura paleográfica, expondo as técnicas utilizadas bem como possíveis recursos para auxiliar na compreensão do documento. Trabalharemos ainda, sucintamente, noções de braquigrafia, ou seja, dos sistemas de abreviações. No decorrer do minicurso, trataremos de noções de arquivística aplicadas à pesquisa histórica, uma vez que a leitura documental implica também na compreensão do contexto de produção daquela fonte. Almeja-se aliar à transcrição paleográfica a discussão do contexto sociocultural dos documentos apresentados. Por fim, realizaremos uma série de exercícios de transcrição paleográfica com variados níveis de dificuldade, observando as normas técnicas de edição. 

Cronograma:
Primeiro Dia - Bloco 1 - Noções Introdutórias (2h/a): Introdução à paleografia; Os principais tipos caligráficos na paleografia portuguesa medieval e moderna; Os manuais caligráficos do século XVIII; Principais dificuldades na leitura paleográfica, técnicas e recursos; Introdução à braquigrafia; Noções de arquivística aplicadas à pesquisa histórica; Transcrição paleográfica e normas técnicas de edição

Segundo e terceiro - Blocos 2 a 3 (2h/a cada): Exercícios de leitura e transcrição 



Minicurso 9: Histórias em Quadrinhos e Ensino de História: contextualizando narrativas gráficas no contexto escolar

Márcio dos Santos Rodrigues
Mestre (UFMG) /marcio.strodrigues@gmail.com


O minicurso visa a discutir alguns dos pressupostos teórico-metodológicos que possibilitam a utilização dos quadrinhos (também conhecidos como HQs) como objeto na Pesquisa e no Ensino de História. Partindo do pressuposto de que não existe uma metodologia única para a análise de HQs, o minicurso apresenta um repertório de opções possíveis para estudá-las. Por serem um gênero intermidiático, que mescla e dialoga com diferentes gêneros discursivos desenho, cinema, fotografia, textos verbais, etc. as HQs fazem com que o estudioso de qualquer campo tenha que, de maneira interdisciplinar, transitar por saberes consagrados pela academia ou não. Faz-se necessário considerar, em primeiro lugar, a linguagem das Histórias em Quadrinhos não apenas como suporte de informações, mas como resultado de práticas elaboradas em determinados contextos históricos. No minicurso haverá espaço para revisão bibliográfica acerca dos estudos sobre quadrinhos já realizados no campo da historiografia, indicando algumas obras teóricas que versam sobre a utilização dessa modalidade artística como fonte documental. Deste modo, procuro contribuir para motivar futuros docentes a interpretarem também o campo do Ensino de História como atrelado ao desenvolvimento de pesquisas.

Minicurso 10: Contribuição da Psicanálise para a prática docente em sala de aula

Márden de Pádua Ribeiro
Mestrando (PUC-MG) /mardendepadua@yahoo.com.br

Este minicurso tem por objetivo apresentar a Psicanálise como importante ferramenta para o professor de História em sua prática docente, visando assim permitir e promover reflexões,discussões e articulações sobre a relação entre Psicanálise e Educação. Parte-se do pressuposto que o professor de História é sujeito interessado em ferramentas teóricas que visam aprimorar sua prática docente, ampliando seus horizontes acerca do seu papel em sala de aula. Possui como referência conceitual, Freud, Lacan, Kupfer e Cordié, pretende-se mostrar como o conhecimento de teorias psicanalíticas auxilia o professor na complexa relação com seus alunos, no cotidiano escolar. Diversas pesquisas têm sido feitas no que diz respeito à interface entre Psicanálise e Educação no tocante à prática docente em sala de aula. Destacando-se grupos como o NIPSE (UFMG), NUPPEC (UFRGS) e NPE (USP). Estas pesquisas tem mostrado através de dados concretos como a abordagem psicanalítica pode atuar em contextos escolares, especialmente voltados para sala de aula, de modo a diminuir a angustia do professor diante de seu papel. O minicurso atende professores de qualquer segmento, e que possuam interesse nas teorias psicanalíticas. Inicia-se com uma introdução básica do que significa esta corrente da psicologia, sua história e seus teóricos de maior destaque, perpassando por seus conceitos principais que se relacionam diretamente com a prática docente. Ao final, através de exemplos práticos, colhidos em entrevistas com professores e alunos através de pesquisas acadêmicas, pretende-se identificar como a Psicanálise está presente no cotidiano escolar, e como esta pode atuar diminuindo o mal estar docente e possibilitando um maior entendimento da relação professor e aluno. O minicurso terá duração de 4 horas, destinado somente em um dia. Ao final espera-se que tenha contribuído para reflexões dos docentes e futuros docentes, acerca de suas práticas.

Minicurso 11: Relações entre arte e política na ditadura militar brasileira


Natália Cristina Batista
Mestre (UFMG) /nataliabarud@yahoo.com.br

A proposta central deste minicurso é avançar na discussão sobre as tensas relações estabelecidas entre cultura e política na ditadura militar brasileira, principalmente nos anos 1960 e 1970. Nesta temporalidade específica marcada pela radicalização política no cenário nacional, a produção cultural embalada pela nascente indústria cultural apresenta-se como um instrumento essencial para análise historiográfica, tornando-se inclusive uma fonte privilegiada para pesquisa. Na primeira parte da aula, propõe-se tratar de alguns conceitos e noções caros à historiografia sobre o tema através de discussões sobre a existência de uma cultura política de esquerda presente nos meios artísticos e intelectuais na década de 1960, a articulação de projetos de oposição e resistência ao regime promovidos por esses grupos, o papel dos artistas-intelectuais diante da militância político-partidária e a inserção em meio a novos espaços de trabalho e atuação. A ideia, neste momento, é explorar algumas noções como hegemonia cultural da esquerda, resistência cultural, arte engajada e cooptação. Na segunda parte, propõe-se uma discussão a partir da análise de obras como canções, peças de teatro, livros, filmes e pareceres do serviço de censura, com o objetivo de perceber de que maneira se deu a repressão do governo militar no campo cultural, trazendo à tona o papel ocupado pelo controle estatal nessa configuração específica.

Minicurso 12: Análise de Redes Sociais: Possibilidades metodológicas para os estudos históricos

Rodrigo Paulinelli de Almeida Costa
Mestrando (UFMG) /rodrigopaulinelli16@gmail.com

Mateus Rezende de Andrade
Doutorando (UFMG)/ mateusandrade@gmail.com

O princípio de que relações sociais podem ser resumidas na noção de redes vem de uma longa tradição nas ciências sociais e humanas. Georg Simmel e Norbert Elias figuram entre os primeiros a utilizarem-se sistematicamente do conceito de redes sociais. Para Georg Simmel, a sociedade não é um aglomerado de homens; constitui-se da reciprocidade relacional entre eles. Gerados por inúmeros motivos e interesses, estes vínculos mútuos determinam naturezas diversas de associações, que em última instância constituem o objeto da sociologia. Norbert Elias também descreveu a gênese da sociedade advinda da perpetuação de relações mútuas entre os atores sociais. Conceito central em seu modelo interpretativo é o de processo civilizador. Para ele, a mudança civilizadora incide na maior interdependência das ações sociais, tornando-as organizadas, precisas e rigorosas. A Análise de Redes Sociais (ARS) desenvolveu-se a partir dos trabalhos pioneiros de sociometria de J. L. Moreno e de análise situacional de J.A. Barnes. Na antropologia o conceito de rede social foi primeiramente desenvolvido pelo antropólogo britânico Radcliffe-Brown, que caracterizou a estrutura social como uma complexa rede de relações sociais existentes realmente entre os seres humanos. Parte importante do método é a elaboração das matrizes e dos gráficos. Estes gráficos diferem daqueles seriais, mais conhecidos, por não apresentar uma linearidade modulada pelo tempo. Cada matriz e seu gráfico correspondente equivalem a um instantâneo dos relacionamentos de um grupo. O gráfico é formado por nódulos (que representam as unidades), linhas (que representam as relações) e setas que indicam o sentido das ligações. De acordo com o tipo de gráfico utilizado, os desenhos e cores dos nódulos variam, o que também ocorre com o cumprimento das linhas, de forma a dar um significado visual ao que foi expresso na matriz pelo pesquisador. A ARS centra sua atenção sobre os laços entre indivíduos, grupos e organizações, em diferentes escalas, tendo por pressuposto básico que atores e suas ações são interdependentes, e que os diversos tipos de laços entre os atores são canais para fluxos de recursos materiais, informacionais e sociais entre os atores, tendo por objetivo central identificar e interpretar padrões de laços sociais (parentesco, amizade, relações de poder, troca, crédito, etc.) entre os atores. Partindo de algumas convenções notacionais, a ARS permite novas formas de representar e analisar alguns dos objetos e problemas centrais das ciências sociais e da História: a estrutura de grupos sociais, comunidades, organizações, mercados, relações de poder, fluxos de migração e mobilidade, etc. Porém, os historiadores raramente têm utilizado os conceitos, técnicas e ferramentas informacionais específicas desta metodologia. Assim, as redes sociais são amplamente mencionadas e utilizadas na historiografia, mas, sobretudo como uma metáfora e não como objeto estudo. Dessa forma temos como objetivo apresentar aos alunos os desenvolvimentos formais da metodologia de Análise de Redes Sociais, introduzindo conceitos elementares e desenvolver conjuntamente atividades que os faça perceber a importância de análises qualitativas a partir de procedimentos quantitativos. Fazer com que os alunos compreendam e saibam aplicar em suas pesquisas os principais conceitos que perpassam essa metodologia.

Minicurso 13: Minicurso de formatação, normalização e submissão de trabalhos acadêmicos

Rute Guimarães Torres
Mestrando (UFMG) / rutetorres@gmail.com

Igor Tadeu Camilo Rocha
Doutorando (UFMG) / igortcr@gmail.co

Mateus Rezende de Andrade
Doutorando (UFMG) / mateus.rezende@gmail.com


O minicurso irá apresentar algumas diretrizes para submissão, formatação e normatização de trabalhos acadêmicos, de acordo com as normas da ABNT e de alguns periódicos científicos, com a finalidade de desenvolver textos bem elaborados e estruturados com potencial para aceite e publicação. A intenção do minicurso é facilitar a comunicação entre autores e editores no processo de submissão e editoração, proporcionar um maior conhecimento sobre os tipos de publicação e os processos editoriais de periódicos científicos, contribuir na elaboração de propostas para eventos e apresentar orientações específicas para a configuração de alguns elementos textuais. - Submissão: conhecer a missão do periódico; escolha do periódico de acordo com suas demandas (avaliação da capes; discente/docente; área específica); apresentação ao editor; atentar para as normas de publicação; carta de ineditismo; processo editorial; comunicação com os editores. - Artigos, Resenhas e Transcrições de Documentos: a importância específica de cada um na produção do conhecimento; a escolha do título; a escrita do resumo e seleção das palavras-chaves; estrutura e desenvolvimento do texto; uso de fontes; elementos do comentário (descrição e problematização do documento), tipo de transcrição (conforme a linguagem do documento, com linguagem atualizada ou semi-atualizada). - Proposta de Simpósio e Comunicação: dados da inscrição; a produção do resumo; o processo de avaliação pelos organizadores; uso de recursos (datashow, material impresso, etc); comunicação com os Organizadores; publicação do texto apresentado. - Normas de Publicação: ABNT; Vancouver; Chicago e APA; formatação do texto; dicas e ferramentas do word para formatação; Referências; elementos pré e pós-textuais; estudo de casos, tendo como referências a Revista de História (USP), a revista Topoi (UFRJ) e a revista discente Temporalidades (UFMG).

Minicurso 14: As revistas como fonte e objeto de pesquisa para o historiador

Thiago Henrique Oliveira Prates
Mestrando (UFMG) /thoprates@gmail.com

Marina Helena Meira Carvalho
Mestrando (UFMG) /marinahmc@yahoo.com.br

Raphael Coelho Neto
Mestrando (UFMG) /raphaelcneto@yahoo.com.br


Este curso busca refletir e debater sobre o uso de revistas como fonte e objeto para a pesquisa histórica. Pretendemos situar as discussões a partir das renovações metodológicas na historiografia que ampliaram o interesse do historiador por novas fontes e temas de estudo. Interessa-nos considerar os vários formatos de revistas (as de grande circulação; as de viés cultural, como as vanguardistas e as literárias; as revistas de exílio), ressaltando aproximações e distanciamentos entre elas. Acreditamos que a opção metodológica pela comparação entre revistas de diferentes matizes gera melhor compreensão a respeito de um objeto de estudo com amplo leque de variedades. As especificidades aparecerão neste minicurso na medida em que os conceitos metodológicos sobre as revistas forem discutidos. De maneira geral e, eventualmente, utilizando-nos de estudos de casos, pretendemos refletir acerca da importância de se considerar o contexto de produção e de circulação dos impressos, as representações e os discursos suscitados por eles, bem como seus silêncios, o(s) objetivo(s) de se fazer uma revista, a materialidade da mesma, dentre outros aspectos. Com base na noção de editorialismo programático, buscaremos ainda pensar sobre os atores sociais que dirigem, produzem e/ou colaboram com a(s) revista(s). Para isso, torna-se interessante estabelecer interfaces com a História Intelectual, por meio, sobretudo, da compreensão do conceito de redes intelectuais e espaços de sociabilidade, articulando também com a categoria de mediadores culturais para os agentes envolvidos na produção de uma revista.

Minicurso 15: Fotografia: organização de acervos e o uso como fonte


Vanderley de Paula Rocha
Mestrando (UEPG) /vanderleypr05@yahoo.com.br

Simone Aparecida Dupla
Mestrando (UEPG) /cathain_celta@hotmail.com

Neste minicurso, pretendemos discutir a organização de acervos iconográficos e o uso de fotografia como fonte histórica. Considerando que o historiador tem se apropriado, desses espaços de salva e guarda de documentos, não apenas como pesquisador, mas como organizador e administrador, portanto, faz-se necessário um debate em torno dessa atividade assumida pelo profissional de História. Há muito tempo que os historiadores são associados a esses lugares de memória devido ao ínfimo número de profissionais da arquivologia presentes nesses espaços. Diante desse cenário o historiador passa a assumir a tarefa de salvar, guardar, organizar, e disponibilizar esses acervos, possibilitando a esses tornarem-se fonte pertinente na construção de trabalhos historiográficos. Assim, este minicurso está dividido em dois momentos: no primeiro, abordaremos as principais teorias da organização de acervos iconográficos e o uso desses como fonte, em seguida, observaremos tais discussões na prática. Isso será realizado a partir de análise da organização do acervo iconográfico de ex-votos da Casa do Divino, da cidade de Ponta Grossa no Paraná. Esse acervo corresponde a mais de 12.000 fotografias deixadas nesse espaço de religiosidade católica por devotos do Divino Espírito Santo, entre os anos de 1882 a 2006. Foi organizado com o objetivo de preservar esses registros e para disponibilizar essas fontes para pesquisas em diversas áreas da História. O minicurso se destina a estudantes e profissionais de História, além de outras áreas que trabalham com a organização e o uso de fotografias como fonte. O mesmo terá a carga horaria de 4 horas. Referências Bibliográficas: FERREZ, H. D. Documentação museológica: Teoria para uma boa prática. In: Caderno de Ensaios nº 2, Estudos de Museologia. Rio de janeiro, Minc/Iphan, p. 64-73, 1994. KOSSOY, Boris. Fotografia & História. São Paulo: Ateliê Editorial, 2001. KEBRUSLY, C. A. O que é fotografia. 4 ed. São Paulo: Brasiliense, 2006. PAVÃO, L. Conservacção de colecções de fotografia. Lisboa: Dinalivro, 1997.